Dicas para viajar a Israel
- Mulheres 30 Demais
- 28 de nov. de 2019
- 8 min de leitura

Um misto de sentimentos, assim posso definir a minha viagem para Israel. Talvez este não seja um sonho para todos, mas, como cristã, sempre tive a curiosidade e desejo de passar e conhecer os lugares onde Jesus passou. Isso explica a euforia, alegria, ansiedade, choro, riso e um monte de histórias para contar. Mas pode ficar tranquila, pois vou me conter em escrever aqui as informações que sejam realmente práticas e úteis para todos que se interessam em conhecer a Terra Santa, sem fazer proselitismo, ok?

Nossa caravana era de 22 pessoas e posso garantir que foi a melhor escolha, pois Israel é cheio de regras, que garantem a segurança de todos, mas que podem assustar num primeiro momento quem viaja pela primeira vez ou sozinho até lá, como a entrada na imigração do aeroporto de Tel Aviv. É muito comum eles escolherem e chamarem algumas pessoas para uma entrevista antes de liberar a entrada no país. Mas pode ficar tranquila, pois se isso acontecer, é só você explicar que está indo a turismo, mostrar o hotel onde ficará hospedado e dia e horário da passagem de volta. Não faça gracinhas, só fale a verdade e responda aquilo que te perguntarem. Isso tudo é para garantir que não entrem terroristas ou pessoas mal intencionadas lá. Nós fizemos conexão em Portugal e toda a comunicação com a tripulação foi em português, mas se puder arranhar um inglês na Terra Santa será muito bom, pois todos conseguem se comunicar e entender bem o inglês. Afinal, acredito que falar o hebraico ou árabe não seja muito comum para você também, né?
Foram 7 dias em Israel, no meio do mês de novembro, e nesta época a temperatura está um pouco mais amena do que no verão mesmo. Porém, durante o dia ainda faz muito calor e somente à noite refresca, ficando bem gostoso, ao ponto de usar até uma blusinha com manga comprida neste período. Em geral, os passeios são feitos durante o dia. Lá o sol começa a raiar bem cedo e, às 17 horas, já é noite total nesta época. Por ser um clima muito seco, é necessário andar com uma garrafa de água o tempo todo. A sugestão é não beber a água de uma vez, mas ir tomando, sempre, ao longo dos passeios, em goladas. Isso ajuda a não ficar com a boca seca, não ter tonturas e estar sempre hidratada. Também há banheiros por toda parte e, em geral, gratuitos, caso você seja como eu, que bebe água e automaticamente precisa ir ao banheiro.

Pela temperatura ser alta, o ideal é ir com roupas leves. E neste quesito é muito importante alertar para a vestimenta adequada. Israel é um país conservador, em sua maioria de judeus ortodoxos e que seguem as práticas religiosas milenares. Portanto, é recomendado não ofendê-los com nossos trajes ocidentais cheios de decotes, fendas ou saias e vestido curtos. Não há uma regra específica lá, mas a sugestão é usar calças, bermudas (em vez de shorts), saias e vestidos longos, midi ou na altura do joelho e blusas que tenham, em geral, alguma manguinha. Você pode tranquilamente usar uma regata, mas, para estes casos, é orientado ter sempre à mão um lenço, pashmina ou echarpe para cobrir os ombros, se necessário. Isso também te ajudará a cobrir a pele dos efeitos solares ou proteger do vento do deserto quando estiver ao ar livre.

Outro ponto importantíssimo é: vá de tênis. Eu até levei uma sapatilha e um coturno para usar em Portugal na volta, pois ficamos dois dias por lá antes de retornar ao Brasil (para saber mais sobre Portugal, clique aqui!), mas, para Israel, isso não é necessário. Usei em alguns momentos uma rasteirinha, por causa do calor, porém não é a melhor opção. Por caminhar muito o dia todo e passar desde areia e pedras na praia até pelas pedras lisas e totalmente escorregadias de Jerusalém, é imprescindível você ir com tênis fechado, confortável e, de preferência, com amortecimento.
Em Israel passamos por vários locais sagrados e que são cenários de muitas histórias bíblicas. Começamos pelo porto de Jope, onde Jonas subiu ao barco antes de ser engolido pelo grande peixe; passamos por Cesaréia Marítima, um dos templos de Herodes e local de diversão do rei nos tempos bíblicos, com arena, praia e espaço para corrida de biga; e subimos o Monte Carmelo, local onde Elias enfrentou os profetas de Baal.

No segundo dia foi a vez de conhecer Cafarnaum, onde Jesus viveu e ensinou no templo (hoje em ruínas) e conhecer a casa de Pedro; navegar pelo Mar da Galileia foi uma experiência incrível, afinal, foi lá o local de muitos acontecimentos registrados na Bíblia, inclusive o que Jesus andou sobre as águas; e visitar Banyas, onde está a nascente do Rio Jordão. No dia seguinte participamos do batismo no Rio Jordão, onde Jesus também foi batizado por João Batista há mais de 2 mil anos; passamos por Caná, local do primeiro milagre de Jesus, transformando a água em vinho; e, no Monte do Precipício, contemplamos um lindo por do sol, próximo à cidade de Nazaré, onde Jesus passou boa parte de sua vida.

Todo lugar é especial e lindo, mas passar pela fonte de Gideão, passeio do quarto dia, onde Deus levantou os 300 homens para lutar com Gideão, foi muito impactante para mim, pois ele é uma das minhas referências bíblicas para aqueles momentos em que a gente se acha pequena, sabe? Se quiser saber mais da história, está no livro de Juízes, capítulos 6 e 7. Já no deserto do Qumran a vista é espetacular! Foi lá que João Batista viveu e onde, em 1947, foram descobertos manuscritos antigos, que ficaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto. Ao todo, 930 fragmentos de manuscritos hebraicos, aramaicos e gregos foram encontrados em onze cavernas em Qumran, datando de 250 a.C.



Depois seguimos para o Mar Morto, para uma das experiências mais interessantes que já vivi. Eu até brinquei em uma das minhas fotos das redes sociais que no Mar Morto "sorrir e boiar é inevitável". E existem regras para se banhar neste mar, pois você não deve ficar mais de 15 minutos dentro da água. Você fica este tempo, sai, toma uma ducha de água natural, volta, fica mais 15 minutos e assim por diante. Este procedimento é para evitar que sua pele comece a pinicar, pois ele é um lago muito salgado (é chamado de mar por conta da abundância de água, assim como o Mar da Galileia, que é de água doce). Além disso, também tem uma lama negra rica em sais minerais, muito utilizada em tratamentos terapêuticos e estéticos. Eu que não sou boba nem nada, fiquei bastante por lá, aproveitando destes benefícios naturais. No dia seguinte minha pele estava um 'pêssego'. No entanto, muito cuidado, você não deve bater braços e pernas enquanto estiver na água para evitar que ela espirre nas outras pessoas ou na sua boca e olhos, se isso acontecer, com certeza sentirá um gosto muito ruim na boca e os olhos irão ficar bem irritados.

Também passamos por Jericó, tão famosa pelas muralhas que caíram durante os tempos de Josué. Lá é território palestino e até rolou uma preocupação se íamos poder entrar na cidade, pois estávamos vindo das terras judaicas e nosso guia e motorista do ônibus eram judeus, mas foi tranquilo e pudemos conhecer e beber da água da fonte de Eliseu, avistar as escavações das ruínas da muralha de Jericó e chegar bem próximo do Monte da Tentação.


Depois subimos, finalmente, a Jerusalém. Neste momento o coração bateu forte e foi lindo avistar a cidade do Monte das Oliveiras e depois caminhar até o Getsêmani. É em Jerusalém que você também visita o cenáculo do templo, local onde Deus enviou o Espírito Santo, pode visitar o túmulo do rei Davi e ainda chegar ao Muro das Lamentações para fazer orações. Aqui também vale uma ressalva, pois os ombros não poderão estar de fora e nem mostrar os joelhos, então vale a pena se atentar ao que vestir neste dia. No Muro das Lamentações é onde muitos fazem suas orações e o local é dividido ao meio, para que homens fiquem de um lado e mulheres do outro. Os homens devem cobrir a cabeça com o kipá ou colocar um talit.


Em Jerusalém você também poderá caminhar pela Via Dolorosa, por onde Jesus caminhou carregando a cruz. Mas não pense que é um lugar tranquilo e suave de caminhar, pois, além de você, estará uma multidão passando por um caminho estreito, cheio de degraus com as famosas "pedras sabão", e cercado pelo mercado árabe, que ficam gritando para chamar a sua atenção para as lojinhas e souvenirs. Aqui abro um parêntese para dizer que neste mercado, interessantíssimo, você precisa ser esperta. Faz parte da cultura árabe a pechincha e é uma ofensa para eles se você não fizer isso. Então aproveite para ganhar bons descontos e trazer presentinhos para todo mundo de lá. Nunca faça cara de quem amou o produto logo de cara e vá pechinchando, fazendo de conta que vai embora, assim, eles abaixam o preço para garantir que você compre deles. É, no mínimo, divertido e fiquei craque!

No Jardim do Túmulo, como o próprio nome sugere, você poderá conhecer e entrar no túmulo onde o corpo de Jesus foi sepultado, até ressuscitar três dias depois. Impactante! Lá é onde você também avista o Gólgota, morro cuja formação rochosa tem o formato de uma caveira, hoje já desgastada pelo tempo, mas ainda sim muito curiosa de se observar. Lembra mesmo um lugar de morte.

Mas há muito mais para se ver! É impossível zerar os pontos turísticos, por isso já fico aqui pensando em quando poderei voltar.

Quanto ao dinheiro, a moeda oficial é o shekel e você pode trocar dólares por ela. Mas em praticamente todos os lugares é aceito o dólar. Então deixe para trocar um pouco por shekel lá e também mantenha dólares com você.
Já a parte da culinária eu tive um pouco de dificuldade, pois sou mais rigorosa com comida (hahaha... pra não dizer chata mesmo!). O tempero é bem diferente e, depois de uns dias, você começa a enjoar da comida típica, pois os sabores são sempre os mesmos. Mas vale muito a pena experimentar. O que posso garantir que não vai se arrepender é de colocar humus (pasta de grão de bico) em tudo!
Só mais um detalhe, é muito comum você encontrar soldados do exército israelense muito bem armados por onde passar, tanto homens como mulheres. Mas não se preocupe ou tenha medo, pois eles estão lá exatamente para te proteger e garantir a sua segurança. Aliás, vale salientar que enquanto eu estava em Israel foram anunciadas muitas notícias no Brasil de que estavam acontecendo bombardeios por lá, que deixaram, inclusive, minha família receosa. Não era mentira, mas isso aconteceu somente na Faixa de Gaza, longe de onde passamos, e em nenhum momento tivemos algum alerta ou corremos riscos. O que eu pude perceber é que existe muito terrorismo midiático (falo isso com propriedade, pois sou jornalista) em cima dos confrontos, mas não é a realidade que se vive estando lá, porque realmente me senti muito segura. Eles, inclusive, têm muitos bunkers, abrigos construídos com concreto e aço para proteger as pessoas de ataques a bombas e mísseis. Caso soe alguma sirene, é recomendado você procurar algum desses lugares para se esconder e proteger. Os hotéis mesmo têm. Pode ser que alguém tenha passado por experiências diferentes da minha com relação à segurança, mas isso foi o que vi e vivi.
Eu resumi aqui estes 7 dias intensos vividos em Israel e vou amar saber se alguém já passou por lá e teve alguma experiência diferente da minha. Então, se for a Israel, não deixe de nos contar e marcar nas redes sociais! ;) Por Ana Paula Leal
Comments